terça-feira, 22 de maio de 2012

Pequena Cinderela


Ela não se moveu um milímetro sequer quando ele cami­nhou até as prateleiras e retirou o pano a cobri-las. Num momento ele estava de volta, colocando a pequena Cinde­rela em sua mão.
— Gostaria que aceitasse.
— Oh, mas... – Ela tentou, realmente tentou formular uma recusa apropriada. As palavras não saíram.
— Você não gosta?
— Não, quero dizer, sim, claro que gosto, é tão delica­da. Mas por quê? – Os dedos dela já seguravam a escultu­ra possessivamente quando ela levantou os olhos para ele. – Por que me presentear com ela?
— Porque ela me lembra você. É adorável, frágil, inse­gura.
A descrição turvou o prazer de Sydney.
— A maioria das pessoas a chamaria de romântica.
— Não sou maioria. Veja, ela foge por não confiar o su­ficiente. – Ele passou o dedo nas delicadas pregas do ves­tido de baile. – Ela segue as regras, sem questioná-las. É meia-noite, estava nos braços de seu príncipe, mas se afasta e corre. Porque essa era a regra. E ela tem medo, medo de deixá-lo ver a mulher sob os enfeites.
— Ela precisava partir. Havia prometido. Além do mais seria humilhante ser pega em trapos e descalça.
Inclinando a cabeça, Mikhail a observou.
— Você acha que ele se importava com o vestido?
       — Bem, não, suponho que não teria feito diferença para ele.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

New York


"Os filmes simplesmente não fazem justiça a Nova York"

New York... perfeita com você


Cameron passou por Nova York com estilo. Samantha não esperava tanta pompa e circunstância, embora não tivesse tido muito tempo para divagar sobre a estada na cidade. Depois de embarcar na balsa para o continente, na quinta-feira à tarde, ficara ansiosa para tomar o vôo para Por-tland e vencer mais uma etapa da viagem.
Desembarcaram no aeroporto de La Guardia, carregando uma única maleta. Ela supusera que usariam os mesmos jeans e camisetas de sempre, mas Cameron tinha idéias próprias. Assim que chegaram à cidade, a primeira coisa que fez foi arrastá-la para a Quinta Avenida para comprar roupas.
— Isso é um despropósito — Samantha sussurrou quando saiu do provador de uma loja, com um sofisticado vestido preto. A despeito de seus protestos, exibia um sorriso radiante.
— Não é, não — Cameron sussurrou de volta, apreciando as curvas perfeitas que o vestido ressaltava.
Samantha aproximou os lábios do ouvido dele e cochichou:
— Mas eu nunca mais vou usar este vestido. O que vou fazer com uma roupa cara em Pride? É obsceno gastar tanto dinheiro num fim de semana.
— Melhor ainda. A obscenidade é um fenômeno típico que nenhum de nós dois conheceu. É agora ou nunca, minha querida. Ei, eu já lhe disse que você tem pernas espetaculares?
Ela corou de satisfação. Não era do tipo que esbanjava dinheiro. Por outro lado, nunca havia estado em Nova York. Ao mirar-se no espelho, admirou-se com a transformação que se operara nela por obra de um simples vestido.
— Gosto desta roupa — disse, encantada com a nova mulher que via diante do espelho.
— Então vamos levá-la.
Ele chamou a vendedora e apontou para mais três vestidos, que insistiu em comprar para Samantha. Depois foi a vez de Cameron se produzir, e entraram numa loja masculina.
Samantha estava habituada a vê-lo de jeans, usando uma toalha ou mesmo nada. Ficou sem fôlego quando ele emergiu do provador usando um conjunto de calça e blazer de linho cor de creme. Provou também um par de camisas de manga curta e escolheu uma gravata com motivos combinando.
E aquele foi só o começo. Passearam pela Quinta Avenida, Cameron em seu conjunto novo de linho, ela num vestido branco de saia rodada, com escarpins da mesma cor e brincos de esmeralda. Cada vez que Samantha divisava seu reflexo numa vitrina, tinha um sobressalto.
Não posso acreditar que essa sou eu.
É você, sim. Está fabulosa!
Você também. Não acredito que somos nós!
O reflexo de Cameron trouxe-lhe aos lábios um sorriso de orgulho. Trocando as sacolas de mão, ele ofereceu-lhe o braço e foram caminhando.
Uma suíte no Plaza estava reservada em nome de Cameron Divine. O luxo das acomodações foi mais um motivo de assombro para Samantha.
A decoração do dormitório era exótica, com uma grande cama de casal, mesa circular, poltronas e quadros de bom gosto. Ela arriscou dar uma espiada no banheiro. Cameron dispensou o mensageiro do hotel e, assim que a porta se fechou, aproximou-se por trás dela e abraçou-a. — Gostou?
— Adorei. É fantástico! — Samantha disse, virando-se rapidamente e pousando as mãos nos ombros largos.
— Nova York está correspondendo às suas expectativas?
— Não. Já superou todas as minhas expectativas. É engraçado. Não sei por que sentia tanto medo de vir para cá. Estou me sentindo segura.
           — Comigo.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Luxo e lixo

Sabe, conheço muita gente. E a alguns poucos, posso chamar de amigos. Mas mesmo alguns destes meus amigos, em sua inocência, se envolvem com gente que mal serve de chão para se pisar. Ai surge uma pergunta: Como pessoas assim se aproximam tanto de lixo? E como não sentem o fedor?

terça-feira, 8 de maio de 2012

Príncipe


Nos meus sonhos sempre houve um príncipe. Alguém que me salvava da densa escuridão. Que me levava pra longe da dor e a quem eu entregava meu coração. Em noites de doces sonhos eu podia senti-lo comigo. Sussurrando canções de amor no meu ouvido. Dançando comigo no meu quarto e me presenteando com um buque de estrelas. E sempre, perto da alva romper, ele me dava um beijo de boa noite e saía. Deixando-me apenas com a promessa de que voltaria. Quando ele não vinha, minha noite era mais fria. Meu sono conturbado e meu coração aflito, sentindo falta do seu amor e magia. Acordava no meio da noite, em meio a lençóis sufocantes e grudenta de suor. Então me dirigia a minha caixa de presentes, onde estavam as flores. Sim, cada noite de visita, também findava com uma flor brilhante e amarela. Incrível como nunca secaram, nem uma pétala caiu. E eu me sentia melhor. Então na noite seguinte, ele estava lá. E uma nova flor era depositada no meu travesseiro. E meu quarto se enchia do seu perfume... da sua luz...de magia e amor.
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