terça-feira, 22 de maio de 2012

Pequena Cinderela


Ela não se moveu um milímetro sequer quando ele cami­nhou até as prateleiras e retirou o pano a cobri-las. Num momento ele estava de volta, colocando a pequena Cinde­rela em sua mão.
— Gostaria que aceitasse.
— Oh, mas... – Ela tentou, realmente tentou formular uma recusa apropriada. As palavras não saíram.
— Você não gosta?
— Não, quero dizer, sim, claro que gosto, é tão delica­da. Mas por quê? – Os dedos dela já seguravam a escultu­ra possessivamente quando ela levantou os olhos para ele. – Por que me presentear com ela?
— Porque ela me lembra você. É adorável, frágil, inse­gura.
A descrição turvou o prazer de Sydney.
— A maioria das pessoas a chamaria de romântica.
— Não sou maioria. Veja, ela foge por não confiar o su­ficiente. – Ele passou o dedo nas delicadas pregas do ves­tido de baile. – Ela segue as regras, sem questioná-las. É meia-noite, estava nos braços de seu príncipe, mas se afasta e corre. Porque essa era a regra. E ela tem medo, medo de deixá-lo ver a mulher sob os enfeites.
— Ela precisava partir. Havia prometido. Além do mais seria humilhante ser pega em trapos e descalça.
Inclinando a cabeça, Mikhail a observou.
— Você acha que ele se importava com o vestido?
       — Bem, não, suponho que não teria feito diferença para ele.

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